Brinque com palavras, com o corpo!

Este Blog expõe reflexões de uma dançarina e psicanalista sobre a dança.

No jogo das palavras, o corpo ora se esconde, ora aparece. O corpo, veícula da vida, nos dá sustentação. É o que vai nos propiciar gozar, usufruir o que é nosso por direito.

A DANÇA MIXX é uma dança livre e em parte subversiva. Livre pois transita entre vários estilos e modalidades de dança e cultura. Subverte a ordem do clássico, do oriental, do contemporâneo. Não se encaixa em classificações. Porém, seu ponto central é o trabalho intenso corporal visando a possibilidade de vivenciar outros gozos na dança e na vida.

Vamos brincar, capacidade que algumas crianças têem. Vamos criar, mexer, torcer, girar, pular, correr, tonificar, ouvir o som que nos toca. Vamos nos emocionar!

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quinta-feira, 4 de abril de 2013

A constituição do corpo na psicose: uma reflexão entre a dança do ventre e a dança africana


O corpo na psicose permanece sendo objeto do gozo do Outro. O sujeito se mistura ao seu corpo. Não é algo que ele possui. Há uma espécie de confusão. Na dança do ventre, por exemplo, a mulher se coloca como puro objeto de desejo do outro, outros. Ela se coloca ativamente neste lugar. E além de ser olhada, olha.
 
 
A dançarina quer seduzir e ser vista por homens e mulheres. Ser reconhecida pelas suas habilidades corporais. Ela corta e recorta seu corpo. Porém, há uma diferença entre se colocar ativamente no lugar de ser objeto de desejo do outro e não vislumbrar outro lugar como no caso da loucura.
Um corpo se constitui a partir da presença-ausência de algum elemento. Nem só presença, nem somente ausência e sim, uma alternância que provoca uma questão: entre ser tudo para o outro ou nada, verifico que o outro deseja algo além de mim. Estamos no terreno do que Jacques Lacan denominou: metáfora paterna. Que o outro quer?

Nas psicoses, esta alternância não se efetua. Logo, a constituição do corpo torna-se mais problemática.
 
 
Freud denominou este movimento de ausência-presença do outro como “Fort Da”. (Quem se interessar em saber mais sobre isso, basta procura-lo em “Além do princípio do prazer” -1920). A simbolização primordial da qual a partir daí, pode nascer um sujeito falante, desejante.
A aposta é que pela via da dança, do dançar, uma mulher pode simbolizar e artificialmente ser marcada pelo desejo do outro. Ou seja, dando um salto, a dança enquanto uma função pode fornecer uma medida fálica e portanto uma prótese de metáfora paterna.
Neste jogo das alternâncias, a angústia comparece. Tanto por ser tudo para o outro (sou um falo e me faço desejante) quanto ser um nada (desprovida de falo). Quantas pessoas comentam que dançar é uma terapia? De que se trata esta afirmação?
Trata-se da angústia. A angústia nasce desta simbolização primordial. A dança pode acolher mas também pode provocar um aumento de angústia. Há que ver do que se trata.
Para concluir, a dança pode fornecer uma prótese de metáfora paterna nas psicoses. A dança africana exige uma certa relação com o outro via olhar. Dançar com o outro indica um saber do próprio corpo e do corpo do outro. Aponta que há outro, Outro, outros. Pode auxiliar um sujeito com alto grau de sofrimento psíquico.