Brinque com palavras, com o corpo!

Este Blog expõe reflexões de uma dançarina e psicanalista sobre a dança.

No jogo das palavras, o corpo ora se esconde, ora aparece. O corpo, veícula da vida, nos dá sustentação. É o que vai nos propiciar gozar, usufruir o que é nosso por direito.

A DANÇA MIXX é uma dança livre e em parte subversiva. Livre pois transita entre vários estilos e modalidades de dança e cultura. Subverte a ordem do clássico, do oriental, do contemporâneo. Não se encaixa em classificações. Porém, seu ponto central é o trabalho intenso corporal visando a possibilidade de vivenciar outros gozos na dança e na vida.

Vamos brincar, capacidade que algumas crianças têem. Vamos criar, mexer, torcer, girar, pular, correr, tonificar, ouvir o som que nos toca. Vamos nos emocionar!

Informações sobre aulas- (11)- 9 9916-3993

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012


Caros e caras, a dança mixx deseja um maravilhoso final de ano para todos!

Para 2013, um circuito pulsional dançante, desejante, emocionante. Vida á vida!

Sigmund Freud em 1915 escreveu sobre “Os instintos e suas Vicissitudes”. Dentre as problemáticas colocadas, afirmou: “O que elimina (cancela) uma necessidade é a satisfação”.

 
 
 
Em 2013 o que podemos constatar em relação à satisfação é que todos buscam satisfações imediatas, que fujam do desprazer. A questão que a dança mixx coloca é a seguinte: um certo incômodo, uma certa angústia são questões que movem um sujeito. Na pulsão de morte, ou seja, no estado nirvana, na ausência de tensão de desconforto, estamos mortos, sem motor para nos mover e buscar algo.

Atualmente podemos facilmente encontrar ofertas ilusórias de felicidade garantida e mais, de que é possível uma vida sem conflitos.

A dança mixx deseja que todos possam lidar melhor em 2013 com suas angústias, que possam conviver com a solidão de uma maneira menos assustadora e que possam se responsabilizar pelas suas escolhas.

Vivemos na necessidade. Que tal passar para a satisfação de ser o que é para alçar outros vôos, ou melhor, para poder saber melhor o que realmente, lá no fundo você deseja.

Vamos construir em 2013 uma boa fantasia na dança. Ela nos dá de bandeja este recurso. Além de ser prazerosa, uma conquista dia a dia ela nos dá amor!

Que em 2013 todos e todas sejam mais amados,se façam ser amados e amem.

Amor, amem, amém.

 

 

 

 

 

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

A IMAGEM INCONSCIENTE DO CORPO



                                                                        IMAGEM

A imagem inconsciente do corpo é um construto teórico que uma psicanalista francesa chamada Francoise Dolto elaborou. De que trata?  Que significa imagem inconsciente do corpo?

Em um primeiro momento, podemos pensar que é a imagem que temos de nós mesmos. Também. Porém, imagem refere-se á identidade, identificações. Quando queremos demonstrar que somos de determinada maneira, trata-se da questão com a imagem. O mal estar com o corpo idem...uma série de situações e experiências se relacionam com o campo imaginário.

Neste post, a proposta é aproximar este conceito da dança pois afinal, ela trata firmemente das questões imaginárias. Não só, mas também.

Dolto, definiu imagem baseada em sua experiência clínica com crianças:

(I)- Identidade

(Ma)- Primeira sílaba da palavra mamãe que a criança francesa pronuncia: “minha mamãe ou ma mamam” e seguida do “me ama” (m’aime)- homófono em francês ao adjetivo “mesmo” (même) que marca a identidade absoluta.

(Gem)- ge que significa a terra, a base ou ainda o corpo, bem como o eu (je).

“I-ma-gem, isto é, substrato relacional com o outro”.

Poderíamos brincar com as palavras e avançar um pouco para concluir que imagem inconsciente do corpo tem alguma relação com a mãe, com o outro. Na verdade, este outro constitui a nossa imagem.

Esta imagem inconsciente do corpo é diferente da imagem especular, ou do espelho. Ela aparece nos sonhos.

A autora, ainda afirma sobre a imagem inconsciente do corpo: “...faz-se muito presente nas afecções psicossomáticas, ou até mesmo onipresente em psicóticos e doentes comatosos”.

Colocada a problemática, o que a dança tem com isso? A dança mixx, auxilia na construção da imagem do corpo e pode funcionar como uma espécie de “tapa” buracos. Ou seja, aonde a pessoa não recebeu o amor materno, aonde não recebeu uma identidade, a DANÇA MIXX pode fazer um curativo.

Ela não vai tratar diretamente do sintoma. Porém, pelas bordas, pode ajudar uma mulher. Pode auxiliar tanto na construção de uma feminilidade que não foi transmitida quanto a inventar algo novo.

Porque a dança mixx faria isso? Simplesmente porque a criadora é psicanalista. Outros professores e professoras também podem fazer esta função.

Há que tomar cuidado pois a dança pode tanto ser vivida como algo construtivo e prazeroso como algo destruidor.

Ainda se faz relevante colocar que isto não é psicanálise mas sim articulações entre áreas do saber: psicanálise e dança.

 

 

 

 


sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Transmissões pela via do ballet clássico


Todos nós, em algum momento da vida já ouvimos falar que uma mãe quando criança não fez balé e colocou a filha para fazer. Muitas mulheres, que se tornam mães, reproduzem esse fato com suas filhas. “Eu não fiz balé, mas minha filha faz”. Ou então as mães fizeram e pararam por algum motivo e colocam a criança em uma espécie de obrigação de continuidade.

Na história do ballet clássico este discurso se reproduz comumente. É um caso clássico do ballet clássico!

Porém, algumas crianças, não todas, não desejam dançar. Recusando a possibilidade de apreender esta dança. Outras vestem a camisa, ou melhor, o collant e atuam.

Sigmund Freud, em sua genialidade aponta para a questão da complexidade da relação mãe-filha enfocando a ausência do pênis e o desejo de ter um filho como uma resposta ao enigma do desejo feminino. Por mais que Freud de certa maneira não tivesse alcançado um arcabouço teórico satisfatório para a questão da feminilidade ele nos orienta:

“A descoberta da castração da mãe acarreta, tanto para o menino quanto para a menina, uma desvalorização do personagem materno; além do mais a menina, ao tornar a mãe responsável por sua própria falta de pênis, junta a esse desprezo um ressentimento, que se traduz por desejo com relação àquele que tem o pênis. A menina é assim levada a se voltar para o pai, portador do pênis, na esperança de receber dele aquilo que sua mãe, por natureza, não lhe pode dar. Em outros termos, é na medida em que ela quer ter aquilo que falta a sua mãe que se torna uma mulher” .

Para finalizar este escrito, concluo que a dança, pode ser uma maneira de auxiliar o processo do tornar-se mulher. Lacan nos indica a questão da ausência de um significante que represente o sexo feminino propriamente dito. Ás vezes, alguns estilos de dança podem fornecer para algumas mulheres ou meninas, uma espécie de ilusão de presença de significante o que pode ser importante na construção da feminilidade.

 

 

 

 

 

 

Um brinde!


“Trata-se sempre de uma relação com o furo, com o vazio no Outro, que o artista, o louco, a mulher e o analisando em fim de percurso- cada um a sua maneira- podem encontrar e da qual podem dar testemunho”. (Alain, Didier-Weill).

O furo no saber se faz presente na dança. Há uma dimensão de finitude constante no ato do dançar.

Para esse resto inominável do fim, para um luto simbolizado e seu resto inaudito, danço.  Passo. Passo do olhar que reconhece para o olhar que ouve. Encontro o vazio do Outro.

Des-ser. A dança mixx foi criada a partir do fim de minha análise. Dança das mixxturas, das alienações e separações. Dança da relação com o som.

Os tempos de ver- tempo de angústia

Tempo de compreender- tempo de oscilações. A queda.

Quando concluir? Tempos de furo no saber. Há que inventar! Há um resto inominável na qual a dança encontra seu ponto mais iluminado. Valida o des-ser, possibilita a queda e aponta a passagem.

Do conhecimento paranoico ao desconhecimento do outro. Passagem da satisfação pulsional escópica ao corte na carne. Chegando até onde posso ir.

Ao meu fim de análise, me autorizo a dançar e a ouvir o som!!! Tin tin.