Brinque com palavras, com o corpo!

Este Blog expõe reflexões de uma dançarina e psicanalista sobre a dança.

No jogo das palavras, o corpo ora se esconde, ora aparece. O corpo, veícula da vida, nos dá sustentação. É o que vai nos propiciar gozar, usufruir o que é nosso por direito.

A DANÇA MIXX é uma dança livre e em parte subversiva. Livre pois transita entre vários estilos e modalidades de dança e cultura. Subverte a ordem do clássico, do oriental, do contemporâneo. Não se encaixa em classificações. Porém, seu ponto central é o trabalho intenso corporal visando a possibilidade de vivenciar outros gozos na dança e na vida.

Vamos brincar, capacidade que algumas crianças têem. Vamos criar, mexer, torcer, girar, pular, correr, tonificar, ouvir o som que nos toca. Vamos nos emocionar!

Informações sobre aulas- (11)- 9 9916-3993

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Inventar o fim


A dança é da ordem do gozo e do desejo. Da angústia e do luto.

Gozo fálico, não-todo. Errante. Um sujeito amarrado em seu nó pulsa.

Da angústia que aponta, que alimenta o sujeito em seu desejo de análise ao luto da finitude. Luto de si, do outro, do Outro que não há. O que há é a a luta de sustentar o desejo.

A dança pode conduzir um sujeito e seu corpo para uma análise.

Pode participar do fim de uma análise.

A DANÇA MIXX refere-se à saída de análise. É fruto dela. Produto de uma história contada, recontada e de uma nova.
 

 

terça-feira, 6 de novembro de 2012

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Pina Bausch- filme em 3D: "A inscrição da palavra no corpo"


O eu é corporal! Freud já dizia...

A psicanálise lacaniana se interessa pela divisão do sujeito. Não um sujeito dividido entre corpo e mente, entre psíquico e somático. A divisão que interessa é a divisão do sujeito que não sabe o que diz. A partir do momento do nascimento do sujeito, ou seja, quando ele deixa sua posição infan e passa para um lugar falante, nasce também sua divisão.

Ele é dividido pelo significante. Este marca seu corpo e seu lugar no mundo. Ele fala. Como habitará a linguagem se dará a posteriori. O que interessa é a passagem de um ser que ainda não fala para um sujeito faltante, falante.

O que importa nesta possibilidade é o espelho, o eu, o corpo, o outro e o Outro. Que necessita para falar? Para faltar? Porque o bebê não nasce falando, andando, pensando? Um corpo infan é um corpo concreto, ausente de representação, sem marcas, sem palavras. Um corpo desamparado pela insuficiência orgânica. Imaturo neurologicamente.

A questão que coloco é a seguinte: Que acontece que alguns infans não se jubilam diante de sua imagem quando o tempo cronológico já lhes permitiríam se reconhecer? É a falta do outro? Do Outro? É o corpo biológico que veio com “defeito”? É a relação com o outro?

Tampouco se trata de responder com sim ou com não. Talvez trata-se de refletir que o sujeito aprisionado em seu corpo, em seus significantes, regido pelo seu inconsciente, pode fazer algumas pequenas escolhas. Pode recusar o contato com o outro. Isso é uma forma de contato!

Onde está a dinâmica libidinal de um bebê que não se entretém com sua imagem? Sua carência é de libido! Quem pode dar o que ele não tem? Quem pode dar libido? É possível uma prótese libidinal?

O filme em 3D de Pina Bausch nos revela o que um outro pode dar e assim constituir um sujeito dançante!

Seu trabalho estonteante e magnífico nos ilumina! Esta mulher, dava, oferecia, ofertava palavras aos bailarinos. Estas marcavam seus passos, corpos, movimentos, suas vidas. Os corpos dos bailarinos pulsavam, transbordavam de energia sexual, ou seja, de dinamismo libidinal!

A transferência com Pina e sua oferta de palavras justas no momento certo, o corpo erotizado por essas palavras, tudo isso, contribuía para a explosão de talento de seu trabalho. Uma das bailarinas dizia: “Trabalhar com Pina era muito bom pois podíamos expressar todos os nossos sentimentos”; Outra dizia:

“Não entendia porque ela nunca parava de trabalhar”; Outro apontava: “Ela nos perguntava sobre nossos desejos”.

Pina marcava os bailarinos e bailarinas com a força de sua presença que se faz mesmo após sua morte.

 Inspirada no texto do estádio do espelho de Lacan, causada por Pina Bausch escrevo este texto refletindo sobre a importância da inscrição da palavra no corpo. A constituição psíquica, a constituição do corpo envolve o amor, o que se pode dar ao outro. Podemos dar palavras justas ou não. Podemos desestabilizar o outro ou não.

Os bailarinos diziam que Pina desvendava suas almas com seu olhar atento e particularizado para cada um. Isso é função materna! O mundo está tão carente disso!