Brinque com palavras, com o corpo!

Este Blog expõe reflexões de uma dançarina e psicanalista sobre a dança.

No jogo das palavras, o corpo ora se esconde, ora aparece. O corpo, veícula da vida, nos dá sustentação. É o que vai nos propiciar gozar, usufruir o que é nosso por direito.

A DANÇA MIXX é uma dança livre e em parte subversiva. Livre pois transita entre vários estilos e modalidades de dança e cultura. Subverte a ordem do clássico, do oriental, do contemporâneo. Não se encaixa em classificações. Porém, seu ponto central é o trabalho intenso corporal visando a possibilidade de vivenciar outros gozos na dança e na vida.

Vamos brincar, capacidade que algumas crianças têem. Vamos criar, mexer, torcer, girar, pular, correr, tonificar, ouvir o som que nos toca. Vamos nos emocionar!

Informações sobre aulas- (11)- 9 9916-3993

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Livres expressões- O tempo de Oya e a singularidade do fantasma

 


Oya, oia o tempo que eu andei...

Dança mixx para mulheres humanas.
Que a luz de Iansã ilumine o jardim de cada mulher. Cada uma é uma. Não há padronização possível que dê conta do singular de cada ser.
Iansã dança para amparar eguns- padrão
Dance para contornar seus fantasmas- o fantasma é singular.






sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Experiência corporal com crianças de 3 a 6 anos




Como psicanalista e professora de dança, tive uma experiência com crianças de 3 a 6 anos em uma instituição escolar. Nesta faixa etária, as crianças possuem muita energia corporal. Ou seja, essa energia denominada pulsão para a psicanálise, exige da criança um destino.

Muitas crianças esperam do professor um modelo a ser copiado. Em geral as meninas. Como psicanalista, meu trabalho foi dar espaço para a criança fazer o que quiser. As crianças ficaram “livres” para se expressar. Os movimentos corporais apresentaram-se intensos e rápidos.

A imagem inconsciente de corpo que se apresentou, de uma maneira geral foi a do corpo fisiológico. Simplesmente um lugar para canalizar suas pulsões.

A problemática identificada foi a seguinte: as crianças estão deficitárias nos âmbitos: da percepção, da propriocepção, da expressão criativa e do conhecimento do próprio corpo.

A hipótese é a de que desde muito cedo as crianças devem sentar em carteiras e adquirir aprendizagens formais sem que estejam maduras para tal. A condição psíquica para apreender algo se relaciona com o corpo e a sua exploração diretamente.

Concordando com Sigmund Freud, o eu é corporal. Essas crianças estão carentes de ser, de poder ser. É somente a partir da constituição do eu que o aparelho psíquico se desenvolve.

Conclusão: a contemporaneidade provoca uma antecipação de maturidade neurológica porque os pais assim desejam, pois a escola assim trabalha e consequentemente a educação impede o desenvolvimento do eu e simultaneamente provoca um analfabetismo corporal.

E quantos adultos chegam para fazer uma simples aula de dança e entram em contato com “dificuldades” da ordem do eu, da imagem. Desistem facilmente.

Lamentável.

 


quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Hegel, Marx e o viés psicanalítico na Dança Mixx


                                                      Dançar.
 
 

 

 Quem dança na vida? Que metáfora a dança nos proporciona?
 
 O dançar envolve diversas relações: com a música, o corpo, o espaço, o outro, com o peso do corpo...

 O contato com a música nos coloca em relação ao ritmo e consequentemente a uma matemática e simultaneamente com uma expressão que se manifesta no movimento.

 O dançar implica necessariamente um conhecimento corporal do mais básico ao simbólico. O objetivo pode ser se distrair, brincar ou expressar o que se quer, viver fantasias, ficar com o corpo mais flexível, tonificado, melhorar a relação com a imagem...

 A dança africana, necessariamente exige um contato via olhar com o outro. Dança-se só, porém é fundamental a relação com o outro, que se dá via olhar, via tato. É uma troca.

 Partindo dessas considerações, coloco algumas questões referentes ao viés psicanalítico:

1)    A possibilidade de ouvir a música, de se deixar ser acariciado por ela, pode indicar o quanto o sujeito que dança se separa dele próprio para "incorporar" sua interpretação do que ouviu. Esse fato se aproxima de uma análise na medida em que nela, o sujeito também se separa de si para poder se ver.
 
2)    Saber do corpo. Que saber se trata? Para sabermos aonde estão os ombros, até onde vão os braços, como se colocar no espaço, precisamos saber até onde vamos, o que temos e onde temos. Sabendo isso, sabemos do nosso lugar topológico. Que metafórico! Saber do corpo próprio aponta para um saber sobre a castração, conceito psicanalítico que tem por função “desalienar” ou separar o que é meu do que é do outro para saber até onde é possível avançar.

3)    Olhar o outro. Muitas vezes quando somos o outro não temos como olhá-lo. Olhar envolve separação e saber até onde vai um, até onde vai o outro. Nasce o espaço. Como cada corpo habita o espaço negativo. Olhar o outro parece óbvio. Porém, em tempos narcísicos muitas vezes o que olhamos é nós mesmos no outro.

A dança traz consigo algo metafórico, dialético, que diz respeito ás operações de alienação e separação. Nesse sentido, ela pode auxiliar um sujeito e sua singularidade, sua história, suas marcas, na simbolização primordial.

 

 

 

 

 

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Dança- espaço objeto a entre a loucura e a sociedade


A dança, pensada como uma expressão artística pode ser um elo com o social na loucura. Os loucos não tem lugar em São Paulo. Os CAPS tentam, os psicólogos, também. Os médicos, medicam. Os analistas debatem.

 Mas, a loucura pensada como uma rede, não tem lugar.

Ou melhor, o lugar destinado na maioria das vezes, é o da exclusão. Enquanto sujeitos paulistas, temos inúmeras dificuldades para acolher simples diferenças, quanto menos, psicóticos, paranóicos, delirantes, esquizofrênicos, autistas, bipolares, e o que mais tiver de patologias.

 Em função deste não lugar reflito e coloco que a dança, além de suas propriedades de prótese de constituição psíquica, ela pode fazer uma ponte entre aquele que porta a loucura e o social. Pintores famosos, escritores, dançarinos fizeram essa ponte sem "intenção".

 Aposto na ideia da dança, do corpo que pode dançar, como uma possibilidade de inclusão na sociedade.

 Ali, aonde não há voz, que se manifeste um corpo que possa publicar o não dito. Que este ser tenha a possibilidade de se responsabilizar minimante pela sua publicação.