Brinque com palavras, com o corpo!

Este Blog expõe reflexões de uma dançarina e psicanalista sobre a dança.

No jogo das palavras, o corpo ora se esconde, ora aparece. O corpo, veícula da vida, nos dá sustentação. É o que vai nos propiciar gozar, usufruir o que é nosso por direito.

A DANÇA MIXX é uma dança livre e em parte subversiva. Livre pois transita entre vários estilos e modalidades de dança e cultura. Subverte a ordem do clássico, do oriental, do contemporâneo. Não se encaixa em classificações. Porém, seu ponto central é o trabalho intenso corporal visando a possibilidade de vivenciar outros gozos na dança e na vida.

Vamos brincar, capacidade que algumas crianças têem. Vamos criar, mexer, torcer, girar, pular, correr, tonificar, ouvir o som que nos toca. Vamos nos emocionar!

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quarta-feira, 27 de junho de 2012

Dança e depressão


Não se trata de conceituar a depressão. Trata-se de colocar que tanto a dança como a psicanálise podem reerguer um corpo caído. Como?

Permitindo que no ato dançante, o sujeito esqueça a dimensão do corpo que pesa. Ele esquece que o corpo não é apenas material.

Que poderá a dança transmitir a um sujeito que sofre por não sentir-se “em casa”, por sentir não habitar seu próprio corpo? Como um ser caído, deprimido, que tem a sensação de receber uma pressão extra da gravidade, que tem um corpo extremamente pesado pode reencontrar a leveza saltitante desse corpo?

Resposta: fazendo análise e dança.

A análise dá conta de falar os não-ditos e de ajudar um sujeito a se responsabilizar pelos seus desejos. A dança dá conta de oferecer um espaço para que se encontre o corpo pela via da constituição da imagem.


Cartel de Dança


Venha fazer parte!
Novas possibilidades podem surgir.




quarta-feira, 20 de junho de 2012

Mais funções da dança na vida de quem dança...


Muitas vezes, perante situações difíceis, ficamos paralisados. Ou seja, nos encontramos em estado de angústia. A angústia pode produzir sintomas que são sofrimentos desde corporais como somatizações, até dores de alma.

A dança, de uma maneira geral, de qualquer estilo (clássica, flamenco, oriental, contemporânea, africana, moderna...), pode auxiliar uma pessoa a lidar com a falta de movimento. É no trabalho corporal que vemos, vivemos e sentimos movimentação. Logo, a dança e suas inúmeras possibilidades, nos permite sair da inércia e quem sabe elaborar o que está nos paralisando.

Além de ser da ordem do gozo, ela é da ordem do desejo. Este, por sua vez, é da ordem da falta. Só desejamos porque algo nos falta. É rodopiando, ondulando, batendo os pés, deslocando que novas saídas para o mal estar podem surgir.

Por isso, dancemos!

terça-feira, 12 de junho de 2012

O gozo do Flamenco



O Flamenco é uma dança que traz em sua origem marcas de diversas culturas: árabes, ciganos, andaluzes, hindus, gregos, judeus, enfim, esta dança é de uma pluralidade cultural.  Os ciganos, nômades que se originaram da Índia e foram migrando chegaram á Andaluzia já com uma rica cultura artística.
Foram perseguidos e expulsos. Nasce o flamenco. Nasce da exclusão, da necessidade de expressar o sofrimento. Que consequências deste fato podemos notar na dança? A angústia, a volúpia, o ódio, a relação com o outro são características desta dança viril.
Sim, é uma dança viril, neste sentido, masculina. Vinculada ao gozo fálico. As mulheres fálicas, revestidas de flores, cores, maquiagens expressam livremente seus sentimentos mais íntimos.
É uma dança libidinal. Libido tem relação com energia sexual. A carga de energia que direcionamos para algo que nos chama a atenção é a libido. Portanto, há um investimento libidinal por parte de uma mulher que dança flamenco.
Há também uma matemática dos ritmos aliada à necessidade de uma coordenação motora ampla. Para poder gozar de um lado feminino no flamenco, a saída é entrar em transe, ou seja, encontrar o duende.
A característica principal do flamenco em termos de vivência da dança é expressar sentimentos: amor, alegria, medo, revolta, paixão...Logo, é uma dança que pode funcionar como algo que ajuda a traduzir o que não se sabe. Muitas vezes, não sabemos que sentimos raiva ou sabemos e queremos expulsar sentimentos que julgamos negativos.
A dança nos auxilia a em vez de “jogar para fora” o que rejeitamos, a integrar. Afinal, ninguém é totalmente bom ou mal. Somos um pouco de cada e a “boa” agressividade é importante para o ser humano.

O gozo do Ballet Clássico





No plié da vida, no elevé, no grand batman e no arabesque, podemos nos encontrar com um certo tipo de vivência de controle do corpo. Muito alongamento e força. Altivez. O gozo desta dança pode estar vinculado a um certo corte. Na barra, a música clássica nos invade e temos que dispensar uma energia de contenção. Conter o movimento, a emoção da música. Devemos nos limitar exclusivamente a executar o que deve ser executado.

Os exercícios são prazerosos e deixam uma marca de bem estar no corpo. No começo podemos não sentir prazer.



Com estas características de controle, limite, contenção e alguns poderiam dizer rigidez, o ballet clássico nos aproxima de um gozo fálico, faltante, limitante. Para alguns pode propiciar o aumento de desejo já que no circuito desejo e gozo há um certa relação: quanto maior o desejo, menor o gozo e vice-versa.
Esta dança também pode propiciar a vivência de um gozo a mais, o dito gozo feminino. A condição para vivenciar este tipo de gozo é gozar falicamente.
O Ballet também trabalha a questão da imagem corporal no sentido de nos fornecer uma ilusão de unidade, de um corpo perfeito, inteiro.

A noção de gozo mencionada nas danças, diz respeito ao sentimento oceânico que Freud abordou em seu texto sobre o mal estar da civilização. O gozo, se refere ao corpo, á vida e a um imperativo. Goze! Cada um, goza como pode. Gozo não se escolhe. Pode se referir também ao orgasmo. Diríamos que no momento do orgasmo somos invadidos pelo sentimento oceânico e após, uma sensação de bem estar corporal que a dança pode dar para quem ama dançar.












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quinta-feira, 7 de junho de 2012

O gozo da dança africana


A Dança Africana e seu caráter expansivo, dinâmico, pulsional pode fazer signo da masculinidade. Há algo agressivo e extremamente expressivo. É uma dança que equilibra o masculino e o feminino. Porém, o gozo experimentado é algo inominável. Poderíamos tentar nomear: alegria, raiva, angústia, êxtase, força...

Pulos, gritos, velocidades, relação com o outro, musicalidade, preparação corporal são elementos que compõem essa dança energética.

E o gozo? Que gozo é esse que invade um sujeito que dança esta dança?Eis um gozo que escapa ás palavras. Ou seja, é o gozo próprio do feminino. Neste sentido por provocar um ultrapassamento da pessoa, é uma dança que pode propiciar uma aproximação com o famoso sentimento oceânico do qual Freud dizia em seu belíssimo texto sobre o mal estar na civilização.

Este ultrapassamento, poderíamos pensá-lo sobre vários prismas, mas, de maneira geral, é o inconsciente que invade o corpo de um sujeito que dança. Não há como traduzir tudo o que poderia ser dito. É algo da ordem do indizível. Assim como o gozo feminino.

O gozo da dança do ventre


“A feminilidade escapa ás palavras e se mantém em outra parte que não aquela aonde se mostra.”.

O gozo de um corpo que dança a dança do ventre é um gozo fálico, ou seja, um gozo ligado aos signos do que seria uma feminilidade. Movimentos sinuosos, movimentos do ventre que gera a vida, suavidade nas mãos, pés alongados...

Essas características traduzem a ideia de um feminino. Porém, coloco que a feminilidade é algo da ordem de uma construção. De algo que não está pronto nem dado. A dança do ventre pode funcionar como uma “segurança” de reafirmação da feminilidade.

Porém, não há algo que represente a feminilidade.Não há o que garanta a mulher. O véu que mascara a falta revela a própria. Se algo falta, algo fala, algo fálica. Ela está presa ao gozo fálico, gozo da linguagem.

sábado, 2 de junho de 2012

Dança e Gozo


Quem já sentiu ao dançar ou ao ouvir uma música um sentimento oceânico? Algo maior que nós que nos invade? Dependendo da música, do estilo de dança e das condições internas da pessoa, o ser que dança pode viver um gozo além das palavras. O conceito de gozo para a psicanálise tem um percurso. Inicialmente, ligado ao prazer sexual. Lacan repensou o gozo e o inseriu no campo da identidade sexual.

Dentre as identidades temos o gozo fálico, ligado ao masculino e o gozo feminino ligado ao masculino mas com algo a mais, suplementar. É algo da ordem do não-dito. Não há palavras para definir o gozo feminino ou suplementar. A dança pode nos propiciar a vivência de uma feminilidade, de uma forma de gozar não toda presa ao masculino, ao fálico.

Isso, independe de ser homem ou mulher.





Pés





Os pés, nossas bases.