Brinque com palavras, com o corpo!

Este Blog expõe reflexões de uma dançarina e psicanalista sobre a dança.

No jogo das palavras, o corpo ora se esconde, ora aparece. O corpo, veícula da vida, nos dá sustentação. É o que vai nos propiciar gozar, usufruir o que é nosso por direito.

A DANÇA MIXX é uma dança livre e em parte subversiva. Livre pois transita entre vários estilos e modalidades de dança e cultura. Subverte a ordem do clássico, do oriental, do contemporâneo. Não se encaixa em classificações. Porém, seu ponto central é o trabalho intenso corporal visando a possibilidade de vivenciar outros gozos na dança e na vida.

Vamos brincar, capacidade que algumas crianças têem. Vamos criar, mexer, torcer, girar, pular, correr, tonificar, ouvir o som que nos toca. Vamos nos emocionar!

Informações sobre aulas- (11)- 9 9916-3993

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012


Caros e caras, a dança mixx deseja um maravilhoso final de ano para todos!

Para 2013, um circuito pulsional dançante, desejante, emocionante. Vida á vida!

Sigmund Freud em 1915 escreveu sobre “Os instintos e suas Vicissitudes”. Dentre as problemáticas colocadas, afirmou: “O que elimina (cancela) uma necessidade é a satisfação”.

 
 
 
Em 2013 o que podemos constatar em relação à satisfação é que todos buscam satisfações imediatas, que fujam do desprazer. A questão que a dança mixx coloca é a seguinte: um certo incômodo, uma certa angústia são questões que movem um sujeito. Na pulsão de morte, ou seja, no estado nirvana, na ausência de tensão de desconforto, estamos mortos, sem motor para nos mover e buscar algo.

Atualmente podemos facilmente encontrar ofertas ilusórias de felicidade garantida e mais, de que é possível uma vida sem conflitos.

A dança mixx deseja que todos possam lidar melhor em 2013 com suas angústias, que possam conviver com a solidão de uma maneira menos assustadora e que possam se responsabilizar pelas suas escolhas.

Vivemos na necessidade. Que tal passar para a satisfação de ser o que é para alçar outros vôos, ou melhor, para poder saber melhor o que realmente, lá no fundo você deseja.

Vamos construir em 2013 uma boa fantasia na dança. Ela nos dá de bandeja este recurso. Além de ser prazerosa, uma conquista dia a dia ela nos dá amor!

Que em 2013 todos e todas sejam mais amados,se façam ser amados e amem.

Amor, amem, amém.

 

 

 

 

 

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

A IMAGEM INCONSCIENTE DO CORPO



                                                                        IMAGEM

A imagem inconsciente do corpo é um construto teórico que uma psicanalista francesa chamada Francoise Dolto elaborou. De que trata?  Que significa imagem inconsciente do corpo?

Em um primeiro momento, podemos pensar que é a imagem que temos de nós mesmos. Também. Porém, imagem refere-se á identidade, identificações. Quando queremos demonstrar que somos de determinada maneira, trata-se da questão com a imagem. O mal estar com o corpo idem...uma série de situações e experiências se relacionam com o campo imaginário.

Neste post, a proposta é aproximar este conceito da dança pois afinal, ela trata firmemente das questões imaginárias. Não só, mas também.

Dolto, definiu imagem baseada em sua experiência clínica com crianças:

(I)- Identidade

(Ma)- Primeira sílaba da palavra mamãe que a criança francesa pronuncia: “minha mamãe ou ma mamam” e seguida do “me ama” (m’aime)- homófono em francês ao adjetivo “mesmo” (même) que marca a identidade absoluta.

(Gem)- ge que significa a terra, a base ou ainda o corpo, bem como o eu (je).

“I-ma-gem, isto é, substrato relacional com o outro”.

Poderíamos brincar com as palavras e avançar um pouco para concluir que imagem inconsciente do corpo tem alguma relação com a mãe, com o outro. Na verdade, este outro constitui a nossa imagem.

Esta imagem inconsciente do corpo é diferente da imagem especular, ou do espelho. Ela aparece nos sonhos.

A autora, ainda afirma sobre a imagem inconsciente do corpo: “...faz-se muito presente nas afecções psicossomáticas, ou até mesmo onipresente em psicóticos e doentes comatosos”.

Colocada a problemática, o que a dança tem com isso? A dança mixx, auxilia na construção da imagem do corpo e pode funcionar como uma espécie de “tapa” buracos. Ou seja, aonde a pessoa não recebeu o amor materno, aonde não recebeu uma identidade, a DANÇA MIXX pode fazer um curativo.

Ela não vai tratar diretamente do sintoma. Porém, pelas bordas, pode ajudar uma mulher. Pode auxiliar tanto na construção de uma feminilidade que não foi transmitida quanto a inventar algo novo.

Porque a dança mixx faria isso? Simplesmente porque a criadora é psicanalista. Outros professores e professoras também podem fazer esta função.

Há que tomar cuidado pois a dança pode tanto ser vivida como algo construtivo e prazeroso como algo destruidor.

Ainda se faz relevante colocar que isto não é psicanálise mas sim articulações entre áreas do saber: psicanálise e dança.

 

 

 

 


sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Transmissões pela via do ballet clássico


Todos nós, em algum momento da vida já ouvimos falar que uma mãe quando criança não fez balé e colocou a filha para fazer. Muitas mulheres, que se tornam mães, reproduzem esse fato com suas filhas. “Eu não fiz balé, mas minha filha faz”. Ou então as mães fizeram e pararam por algum motivo e colocam a criança em uma espécie de obrigação de continuidade.

Na história do ballet clássico este discurso se reproduz comumente. É um caso clássico do ballet clássico!

Porém, algumas crianças, não todas, não desejam dançar. Recusando a possibilidade de apreender esta dança. Outras vestem a camisa, ou melhor, o collant e atuam.

Sigmund Freud, em sua genialidade aponta para a questão da complexidade da relação mãe-filha enfocando a ausência do pênis e o desejo de ter um filho como uma resposta ao enigma do desejo feminino. Por mais que Freud de certa maneira não tivesse alcançado um arcabouço teórico satisfatório para a questão da feminilidade ele nos orienta:

“A descoberta da castração da mãe acarreta, tanto para o menino quanto para a menina, uma desvalorização do personagem materno; além do mais a menina, ao tornar a mãe responsável por sua própria falta de pênis, junta a esse desprezo um ressentimento, que se traduz por desejo com relação àquele que tem o pênis. A menina é assim levada a se voltar para o pai, portador do pênis, na esperança de receber dele aquilo que sua mãe, por natureza, não lhe pode dar. Em outros termos, é na medida em que ela quer ter aquilo que falta a sua mãe que se torna uma mulher” .

Para finalizar este escrito, concluo que a dança, pode ser uma maneira de auxiliar o processo do tornar-se mulher. Lacan nos indica a questão da ausência de um significante que represente o sexo feminino propriamente dito. Ás vezes, alguns estilos de dança podem fornecer para algumas mulheres ou meninas, uma espécie de ilusão de presença de significante o que pode ser importante na construção da feminilidade.

 

 

 

 

 

 

Um brinde!


“Trata-se sempre de uma relação com o furo, com o vazio no Outro, que o artista, o louco, a mulher e o analisando em fim de percurso- cada um a sua maneira- podem encontrar e da qual podem dar testemunho”. (Alain, Didier-Weill).

O furo no saber se faz presente na dança. Há uma dimensão de finitude constante no ato do dançar.

Para esse resto inominável do fim, para um luto simbolizado e seu resto inaudito, danço.  Passo. Passo do olhar que reconhece para o olhar que ouve. Encontro o vazio do Outro.

Des-ser. A dança mixx foi criada a partir do fim de minha análise. Dança das mixxturas, das alienações e separações. Dança da relação com o som.

Os tempos de ver- tempo de angústia

Tempo de compreender- tempo de oscilações. A queda.

Quando concluir? Tempos de furo no saber. Há que inventar! Há um resto inominável na qual a dança encontra seu ponto mais iluminado. Valida o des-ser, possibilita a queda e aponta a passagem.

Do conhecimento paranoico ao desconhecimento do outro. Passagem da satisfação pulsional escópica ao corte na carne. Chegando até onde posso ir.

Ao meu fim de análise, me autorizo a dançar e a ouvir o som!!! Tin tin.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Inventar o fim


A dança é da ordem do gozo e do desejo. Da angústia e do luto.

Gozo fálico, não-todo. Errante. Um sujeito amarrado em seu nó pulsa.

Da angústia que aponta, que alimenta o sujeito em seu desejo de análise ao luto da finitude. Luto de si, do outro, do Outro que não há. O que há é a a luta de sustentar o desejo.

A dança pode conduzir um sujeito e seu corpo para uma análise.

Pode participar do fim de uma análise.

A DANÇA MIXX refere-se à saída de análise. É fruto dela. Produto de uma história contada, recontada e de uma nova.
 

 

terça-feira, 6 de novembro de 2012

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Pina Bausch- filme em 3D: "A inscrição da palavra no corpo"


O eu é corporal! Freud já dizia...

A psicanálise lacaniana se interessa pela divisão do sujeito. Não um sujeito dividido entre corpo e mente, entre psíquico e somático. A divisão que interessa é a divisão do sujeito que não sabe o que diz. A partir do momento do nascimento do sujeito, ou seja, quando ele deixa sua posição infan e passa para um lugar falante, nasce também sua divisão.

Ele é dividido pelo significante. Este marca seu corpo e seu lugar no mundo. Ele fala. Como habitará a linguagem se dará a posteriori. O que interessa é a passagem de um ser que ainda não fala para um sujeito faltante, falante.

O que importa nesta possibilidade é o espelho, o eu, o corpo, o outro e o Outro. Que necessita para falar? Para faltar? Porque o bebê não nasce falando, andando, pensando? Um corpo infan é um corpo concreto, ausente de representação, sem marcas, sem palavras. Um corpo desamparado pela insuficiência orgânica. Imaturo neurologicamente.

A questão que coloco é a seguinte: Que acontece que alguns infans não se jubilam diante de sua imagem quando o tempo cronológico já lhes permitiríam se reconhecer? É a falta do outro? Do Outro? É o corpo biológico que veio com “defeito”? É a relação com o outro?

Tampouco se trata de responder com sim ou com não. Talvez trata-se de refletir que o sujeito aprisionado em seu corpo, em seus significantes, regido pelo seu inconsciente, pode fazer algumas pequenas escolhas. Pode recusar o contato com o outro. Isso é uma forma de contato!

Onde está a dinâmica libidinal de um bebê que não se entretém com sua imagem? Sua carência é de libido! Quem pode dar o que ele não tem? Quem pode dar libido? É possível uma prótese libidinal?

O filme em 3D de Pina Bausch nos revela o que um outro pode dar e assim constituir um sujeito dançante!

Seu trabalho estonteante e magnífico nos ilumina! Esta mulher, dava, oferecia, ofertava palavras aos bailarinos. Estas marcavam seus passos, corpos, movimentos, suas vidas. Os corpos dos bailarinos pulsavam, transbordavam de energia sexual, ou seja, de dinamismo libidinal!

A transferência com Pina e sua oferta de palavras justas no momento certo, o corpo erotizado por essas palavras, tudo isso, contribuía para a explosão de talento de seu trabalho. Uma das bailarinas dizia: “Trabalhar com Pina era muito bom pois podíamos expressar todos os nossos sentimentos”; Outra dizia:

“Não entendia porque ela nunca parava de trabalhar”; Outro apontava: “Ela nos perguntava sobre nossos desejos”.

Pina marcava os bailarinos e bailarinas com a força de sua presença que se faz mesmo após sua morte.

 Inspirada no texto do estádio do espelho de Lacan, causada por Pina Bausch escrevo este texto refletindo sobre a importância da inscrição da palavra no corpo. A constituição psíquica, a constituição do corpo envolve o amor, o que se pode dar ao outro. Podemos dar palavras justas ou não. Podemos desestabilizar o outro ou não.

Os bailarinos diziam que Pina desvendava suas almas com seu olhar atento e particularizado para cada um. Isso é função materna! O mundo está tão carente disso!

 

 

 

 

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Livres expressões- O tempo de Oya e a singularidade do fantasma

 


Oya, oia o tempo que eu andei...

Dança mixx para mulheres humanas.
Que a luz de Iansã ilumine o jardim de cada mulher. Cada uma é uma. Não há padronização possível que dê conta do singular de cada ser.
Iansã dança para amparar eguns- padrão
Dance para contornar seus fantasmas- o fantasma é singular.






sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Experiência corporal com crianças de 3 a 6 anos




Como psicanalista e professora de dança, tive uma experiência com crianças de 3 a 6 anos em uma instituição escolar. Nesta faixa etária, as crianças possuem muita energia corporal. Ou seja, essa energia denominada pulsão para a psicanálise, exige da criança um destino.

Muitas crianças esperam do professor um modelo a ser copiado. Em geral as meninas. Como psicanalista, meu trabalho foi dar espaço para a criança fazer o que quiser. As crianças ficaram “livres” para se expressar. Os movimentos corporais apresentaram-se intensos e rápidos.

A imagem inconsciente de corpo que se apresentou, de uma maneira geral foi a do corpo fisiológico. Simplesmente um lugar para canalizar suas pulsões.

A problemática identificada foi a seguinte: as crianças estão deficitárias nos âmbitos: da percepção, da propriocepção, da expressão criativa e do conhecimento do próprio corpo.

A hipótese é a de que desde muito cedo as crianças devem sentar em carteiras e adquirir aprendizagens formais sem que estejam maduras para tal. A condição psíquica para apreender algo se relaciona com o corpo e a sua exploração diretamente.

Concordando com Sigmund Freud, o eu é corporal. Essas crianças estão carentes de ser, de poder ser. É somente a partir da constituição do eu que o aparelho psíquico se desenvolve.

Conclusão: a contemporaneidade provoca uma antecipação de maturidade neurológica porque os pais assim desejam, pois a escola assim trabalha e consequentemente a educação impede o desenvolvimento do eu e simultaneamente provoca um analfabetismo corporal.

E quantos adultos chegam para fazer uma simples aula de dança e entram em contato com “dificuldades” da ordem do eu, da imagem. Desistem facilmente.

Lamentável.

 


quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Hegel, Marx e o viés psicanalítico na Dança Mixx


                                                      Dançar.
 
 

 

 Quem dança na vida? Que metáfora a dança nos proporciona?
 
 O dançar envolve diversas relações: com a música, o corpo, o espaço, o outro, com o peso do corpo...

 O contato com a música nos coloca em relação ao ritmo e consequentemente a uma matemática e simultaneamente com uma expressão que se manifesta no movimento.

 O dançar implica necessariamente um conhecimento corporal do mais básico ao simbólico. O objetivo pode ser se distrair, brincar ou expressar o que se quer, viver fantasias, ficar com o corpo mais flexível, tonificado, melhorar a relação com a imagem...

 A dança africana, necessariamente exige um contato via olhar com o outro. Dança-se só, porém é fundamental a relação com o outro, que se dá via olhar, via tato. É uma troca.

 Partindo dessas considerações, coloco algumas questões referentes ao viés psicanalítico:

1)    A possibilidade de ouvir a música, de se deixar ser acariciado por ela, pode indicar o quanto o sujeito que dança se separa dele próprio para "incorporar" sua interpretação do que ouviu. Esse fato se aproxima de uma análise na medida em que nela, o sujeito também se separa de si para poder se ver.
 
2)    Saber do corpo. Que saber se trata? Para sabermos aonde estão os ombros, até onde vão os braços, como se colocar no espaço, precisamos saber até onde vamos, o que temos e onde temos. Sabendo isso, sabemos do nosso lugar topológico. Que metafórico! Saber do corpo próprio aponta para um saber sobre a castração, conceito psicanalítico que tem por função “desalienar” ou separar o que é meu do que é do outro para saber até onde é possível avançar.

3)    Olhar o outro. Muitas vezes quando somos o outro não temos como olhá-lo. Olhar envolve separação e saber até onde vai um, até onde vai o outro. Nasce o espaço. Como cada corpo habita o espaço negativo. Olhar o outro parece óbvio. Porém, em tempos narcísicos muitas vezes o que olhamos é nós mesmos no outro.

A dança traz consigo algo metafórico, dialético, que diz respeito ás operações de alienação e separação. Nesse sentido, ela pode auxiliar um sujeito e sua singularidade, sua história, suas marcas, na simbolização primordial.

 

 

 

 

 

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Dança- espaço objeto a entre a loucura e a sociedade


A dança, pensada como uma expressão artística pode ser um elo com o social na loucura. Os loucos não tem lugar em São Paulo. Os CAPS tentam, os psicólogos, também. Os médicos, medicam. Os analistas debatem.

 Mas, a loucura pensada como uma rede, não tem lugar.

Ou melhor, o lugar destinado na maioria das vezes, é o da exclusão. Enquanto sujeitos paulistas, temos inúmeras dificuldades para acolher simples diferenças, quanto menos, psicóticos, paranóicos, delirantes, esquizofrênicos, autistas, bipolares, e o que mais tiver de patologias.

 Em função deste não lugar reflito e coloco que a dança, além de suas propriedades de prótese de constituição psíquica, ela pode fazer uma ponte entre aquele que porta a loucura e o social. Pintores famosos, escritores, dançarinos fizeram essa ponte sem "intenção".

 Aposto na ideia da dança, do corpo que pode dançar, como uma possibilidade de inclusão na sociedade.

 Ali, aonde não há voz, que se manifeste um corpo que possa publicar o não dito. Que este ser tenha a possibilidade de se responsabilizar minimante pela sua publicação.



 
 

 

 

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Torções entre a clínica psicanalítica e a dança


Entre as questões que a psicanálise se ocupa, no que se refere à dança, destacarei o fenômeno físico do dançar para articulá-lo com alguns aspectos da clínica e da teoria psicanalítica. Em psicanálise lacaniana, teoria e prática não se separam. Aliás, a teoria é tecida singularmente pela prática e escuta clínica.

No fenômeno físico do dançar, poderíamos dizer que a dança, neste sentido é uma sequência de movimentos coreografados ou não em um determinado espaço. No eixo ou fora dele. Dançar, necessariamente envolve algum tipo de movimento. Como um corpo se move? Ou melhor, o que move um corpo? O desejo? A angústia? O gozo?

Como este corpo se relaciona com o espaço? Aqui, entram as questões da imagem. Em termos de constituição psíquica, incialmente nos identificamos com o outro. Para nos constituirmos, necessariamente dependemos do outro. Essa relação é o que denuncia como se dá o imaginário para cada sujeito. Na loucura, o sujeito que dança encontra-se em todos os lugares. Ele é tudo. Não há uma separação entre o que é um palco e o sujeito. O que é uma parede e esse sujeito. Tampouco, não há a noção de eu e do outro.

O sujeito que enlouqueceu, sofre de problemas com o eu. A dança pode ajudar um sujeito a tratar seu eu, sua imagem despedaçada, seu corpo desintegrado. Ela forneceria o que Jacques Lacan, psicanalista francês, chamou de nome do pai. O sujeito louco sofre da falta deste conceito. Falta de uma medida fálica.

Ou seja, quando uma mãe tem um filho, este, vem obturar sua falta. É como se nada lhe faltasse nessa hora e ela teria a ilusão de completude. O filho capta o seu lugar no mundo. “Sou aquele que completa minha mãe”; “Sou tudo para ela”; “Sou um mero objeto, impedido de desejar. Só poderei desejar se perceber que algo falta no outro mãe.”
 
O desejo nasce da falta. Logo, se uma mulher que se torna mãe desejar algo além do filho, o filho terá sua função paterna ou o nome do pai dentro de si. “Uma mãe só é suficientemente boa se não o for em demasia”.

Coloco que dança é como se fosse uma mãe boa. Aquela que nos propicia desejar. E ela nos dá amor. “Amar, é dar o que não se tem”. Amar é dar sua falta. Mais do que ser “completa”, a incompletude é o que nos move. Metaforicamente, a incompletude pode nos fazer dançar, desejar.

Na dança, ocorre também a questão da satisfação escópica. A mesma linha de raciocínio. Se somos incompletos, dançar pode nos satisfazer em sermos olhados, de determinada maneira, por determinadas pessoas. Como uma criança que quer ser vista e diz: “olha mãe, pai o que eu sei fazer!”.

 

 

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Foucault entre a filosofia e o corpo/prazer


O que teria Foucault a nos dizer e acrescentar sobre o corpo? O sábio defendeu que deveríamos buscar e criar outras formar de prazer no corpo que não a unicamente sexual. Ele condenava a monarquia do sexo e afirmava: “Classificação de sexo é uma verdadeira prisão”.

Suas recomendações para a criação de novas formas de prazer envolviam uma dessexualização do prazer, uma invenção de novas possibilidades deste.

Ora pois. Do ponto de vista psicanalítico o que estaria transmitindo O Mestre? Ele estaria na linha da erogeinização, da libidinização do corpo.

Desde Freud e seu ensaio sobre as teorias sexuais infantis, ficou claro como as zonas erógenas não se localizam somente nos órgãos sexuais.

Sentimos prazer em outros lugares do corpo e ás vezes fora dele.

“A idéia de que o prazer corporal deve sempre vir do prazer sexual (que) é a raiz de todo o nosso prazer possível. Acho que isso é muito errado” (Foucault, M.).

Concordo com ele e afirmo que a dança tem o poder! O poder de nos fornecer instrumentos para sentir, viver e buscar outras formas de prazer no mundo.

O corpo quando descobre algo, quer mais.

A dança tem o privilégio de erogeneizar um corpo sem vida, sem hábito. Ela dá libido. Ela pode fazer um sujeito “esquecer” da gravidade.

DANCE, DANCE, DANCE....

 

 

 

 

 

 

 

 

 

terça-feira, 11 de setembro de 2012

O artista entre a sublimação e a arte


O artista é aquele que reconhece seu desamparo fundamental, sua falta.

Por reconhecer ele entrega-se ao ímpeto de criar e propicia que o espectador também se reconheça ali, na obra.

A criação está relacionada com a sublimação. Uma resposta ao desamparo. Para Freud, o conceito de sublimação estaria vinculado á uma saída do sujeito para lidar com sua pulsão sexual. A energia sexual seria utilizada para realizar atividades culturais SUBLIMES.

Ou seja, a sublimação vem como resposta à satisfação sexual para Freud.

Mas, se a energia sexual se destina a cultura, no caso do mecanismo da sublimação, podemos colocar que este, coloca em evidência a relação do sujeito com a cultura. Logo, a arte é inclusiva. Ela não exclui o sujeito da sociedade. Vejam a função social e psíquica da dança neste caso!

Segundo Alain Didier Weill (1997), devemos compreender a sublimação, como um “empuxo à simbolização”!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Simbolizar quer dizer elaborar a ausência e presença, elaborar os lutos da vida. Significar traduzir em palavras o que nunca foi dito OU, traduzir na dança, na obra de arte, no palco, na tela, aquilo que não se tem palavras. Aquilo que não dizemos retorna como formas sintomáticas.

 

 

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Corpo- conhecimento


“Em se tratando do meu próprio corpo ou de algum outro, não tenho nenhum outro modo de conhecer o corpo humano senão vivendo-o. Isso significa assumir total responsabilidade do drama que flui através de mim, e fundir-me com ele”. (MAURICE MERLEAU-PONTY).

Conhecer o corpo? Qual a relevância?

Merleau-Ponty nos responde certeiramente acerca do como conhecer o corpo: vivendo-o. A dança nos dá vida, vivência.

Porém, para a questão da relevância de conhecê-lo, deixo-a em aberto. Não há uma verdade absoluta. O que há é simples. Cada um é um, único. O que importa a um pode não ter destaque para outro.

Mas se partirmos do ponto de vista da constituição do psiquismo, conhecer o corpo próprio envolve a fala e o olhar do outro dirigidos a nós. Conhecer o corpo é ter um corpo simbólico. É ter tido um conhecimento paranoico no sentido de que veio do outro.

Primeiro a mãe, o pai nos dão um certo saber sobre nós. “Esta chorando porque sente frio, fome, está com dor, está triste...”. Eis um saber sobre o próprio corpo que vem do outro.

O médico diagnostica. Outro saber que vem do outro. Vale ressaltar que o saber que vem do outro sobre nós pode não ser o que temos a dizer.

Neste ponto, coloco a seguinte questão: que significa ter um saber sobre o corpo? Sobre o próprio corpo? Se o ponto de partida do conhecimento corporal vem do outro, como podemos construir, tecer um saber que é próprio e singular de cada um? Como se responsabilizar pelo nosso desejo, nossa presença, nossa forma de estar no mundo?

Deixo perguntas...caso deseje, comente, dialogue...

 

 

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

O corpo e suas dimensões


O que é o corpo? Quais suas dimensões?

Inicialmente somos um amontoado de carne e ossos que obedece a mecanismos de auto-regulação de caráter estritamente biológicos. Porém, o corpo não é somente biológico certo? Que outras dimensões do corpo, da nossa morada temos?

1)    A dimensão física ou biológica.

2)    A dimensão imaginária: o corpo como imagem de si.

3)    A dimensão simbólica: o corpo marcado pela palavra. Corpo erógeno.

4)    A dimensão real: O corpo como sinônimo de gozo. Esse corpo é pura energia psíquica.

A partir das colocações acima, afirmo que a dança pode ajudar um sujeito a simbolizar um corpo perdido em seu próprio gozo. Pode dar ou transformar a imagem que cada um tem de si.
A dança, não nos deixa esquecer a dimensão física do corpo o que é importante para poder ir além de. Aumentar os limites ou contornar carinhosamente o que está no nada.
 

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Poesia de corpo, poética da angústia


No princípio era o verbo.

Houve um ato

Nasce um corpo

Esse corpo não é meu.

Quando nos damos conta...

Como habito minha morada? O que me move?

Como me relaciono com meu desejo?

Aonde na dança encontro minha mortalidade?

Na angústia, no afeto que não se engana.

Onde está meu prazer? Meu deleite de reencontrar-me comigo? A que preço?

 

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Preparo corporal para dançar


Para quem cansou de academia ou não gosta, a DANÇA MIXX é uma excelente escolha. Ela prepara o corpo para dançar por meio de exercícios da dança. A primeira parte da aula, sensibiliza, aquece, tonifica e torçe o corpo.

Na segunda parte, os exercícios são aplicados à dança.

Na terceira parte da aula, coreografias e dependendo da turma, improvisações.

A última parte pode ocorrer ou não. Meditações ativas e alongamentos profundos.

É uma aula feita à mão. Como cada uma é uma, o esquema de aula é o proposto acima mas, depende da turma e da singularidade de cada uma. O foco inicial são nos exercícios físicos intensos. Preparar o corpo para dançar, expressar emoções, elaborar angústias, é condição.

Para dançarmos, precisamos ter um repertório de movimentos mínimos que sejam. Algumas pessoas já o têm. Porém, outras não. A DANÇA MIXX dá para quem não tem e lapida para os possuídos!

Os efeitos:

1)    Melhora da relação com a imagem

2)    Mais disposição

3)    Aumento libidinal

4)    Consciência corporal

5)    Algumas mulheres desejam saber mais de si não só pela via do corpo

6)    Melhora da postura e tônus muscular

7)    Mais alegria e sensibilidade musical!


domingo, 12 de agosto de 2012

Sala de aula: a aluna entre o fora e o dentro.


Vamos fazer uma aula de dança? Então escolhemos a dança que gostamos por algum motivo íntimo que está ligado á nossa identificação. Sim! A dança que escolhemos tem relação com nossa identidade. Aliás, a dança pode ter o poder de nos dar uma quando não a temos ou não sabemos.

Então, voltando para a aula, copiamos o professor certo? Também, mas como cada corpo é um corpo, cada mulher é uma, com sua consciência corporal. Se cada um tem uma relação com o corpo e uma consciência corporal, como fica o copiar? Como cada um se apropria do corpo? Como cada ser habita sua casa?

Copiar um mestre via de regra, não é fácil. No início é sim uma cópia. Mas, o corpo do mestre pode fazer coisas que eu não faço. Então, vou fazendo aula ou interrompo se ficar na impotência. Não consigo...

Temos referências que vem do outro. Recebemos ensinamentos, copiamos. Primeiro, o saber vem de fora. Quando adquirimos um saber, ele se torna nosso, ele vem de dentro.

 A DANÇA MIXX trabalha de uma maneira personalizada com o objetivo de sensibilizar o corpo de quem a busca. Temos coreografias. Porém, se esta dança parte do princípio de que cada corpo e cada consciência corporal são singulares, o foco do trabalho é propiciar, provocar, ajudar a aluna a avançar em seu próprio saber corporal.

A aluna vai copiar a professora. Porém, o movimento que ela fizer virá de dentro. Caso ela não tenha um repertório de movimentos, ela ganhará pela via das suas possibilidades de sensibilizações. Há várias maneiras de levantar um braço, torcer o tronco, sentir uma música.





Possíveis efeitos da música para quem dança


Um dos objetos de pesquisa da DANÇA MIXX, é a relação de um sujeito que dança com a música. Em algumas linguagens de dança contemporânea, por exemplo, a música não se faz necessária. Existem os sons do corpo, as ondas corporais, o próprio corpo pode ser o som de uma dança.

Porém, para alguns, o mover, o expressar, está intimamente ligado á música. Qual música te toca? O que tem no som que te paralisa, te faz andar ou te convoca a expressar algo? Ou seja, que efeitos a música tem sobre nós?

Citarei um trecho de um ensaio escrito por uma psicanalista que se chama: Silvia Regina Gomes Foscarini. Neste trecho, faço dela, minhas palavras para delimitar a íntima relação da música com estados de ânimo do ser humano.

A DANÇA MIXX privilegia a música, o gosto musical de quem faz aula e a utiliza como forma de “provocar” o sujeito a movimentar-se de dentro para fora. O movimento como resultado da relação com a música. O que a música pode fazer por nós?

Eis o trecho:

“O próprio do efeito da música sobre nós é que ela tem este poder de metamorfose, de transmutação (...) ela transmuta em nostalgia a tristeza que há em nós. Quero dizer com isso que se estamos tristes ou deprimidos, podemos designar o objeto que nos falta, cuja falta nos falta, nos faz sofrer, e estar triste é triste, quero dizer, não é a fonte de nenhum gozo. O paradoxo da nostalgia – como dizia Victor Hugo, a nostalgia é a felicidade de estar triste – é que precisamente o que nos falta na nostalgia é de uma natureza que não podemos designar, e que amamos essa falta. (...) E o que eu lhes proponho é compreender efetivamente o gozo, uma das articulações do gozo musical, como tendo o poder de evaporar o objeto. ” (12)


 

Diagonal

domingo, 5 de agosto de 2012

O que seu feminino procura na dança?


A mulher da dança do ventre é uma mulher sedutora, controladora do olhar do outro e do seu próprio corpo. Ela domina os fragmentos de seu corpo e os integra em uma Gestalt. Pode sofrer se ficar aprisionada a esse olhar esse desejo do outro. Nesse sentido, a perda da sua singularidade pode ocorrer. PROCURA-SE: Ser desejada, fugir da fantasia do corpo morto, renovar a sensualidade de maneira geral.

A dança africana invade a mulher. Um êxtase energético lhe domina e a torna selvagem. Ela expressa sua natureza genuína, sem máscaras, sem véus. Isso a torna singular, única.PROCURA-SE: Viver algo além das palavras da ordem do gozo.

O ballet favorece o aparecimento da mulher princesa. Sua postura, sua maneira de se locomover e ocupar seu espaço é peculiar. Delicada e altiva muitas vezes aprisiona-se em um espelho que lhe revela sua imperfeição. Pode tornar-se obcecada com uma estética alheia a si própria. Ou seja, pode tornar-se alienada de si pois recebe um saber que vem do espelho, que vem de fora e com isso sofrer de tristezas profundas. PROCURA-SE: aceitação de si própria e superação de limites. Corpo perfeito.

A mulher da dança contemporânea é uma mulher crítica da sociedade. Ela se esforça para expressar em seus gestos alguma questão vinculada ao social. Isso a torna única pois a questão que ela deseja transmitir é pessoal. Ela vive seu corpo pela via da sensação. PROCURA-SE: prazer em se relacionar com o próprio corpo e com o outro.

A dança de Isadora Duncan nos permite viver um estado de liberdade e de observação. Pesquisadora da natureza, das artes e da mitologia, essa mulher responde para si própria sobre a sua natureza e assume com coragem sua exibição. O corpo é vivido pelo sentimento e pela linguagem que faz a ligação entre o que recebemos da terra, o que fazemos com o que recebemos e como devolvemos essas energias. PROCURA-SE: mediar o sagrado e o profano pela via da renovação das energias recebidas.

O que procuras na dança? Saibas que encontrará alguma coisa que pode ser tanto prazerosa, gozosa como angustiante e conflituosa.


Metáfora vulcão/ mulher


Tão serena eis uma mulher quanto um vulcão adormecido ou extinto.
A mulher, quando irrompe faz a terra tremer e borbulhar!



 
Assim como um vulcão extinto, uma mulher que explodiu muitas vezes, por muitos anos, ou, uma mulher que nunca explodiu, ou explodiu insatisfatoriamente, tem algumas saídas:

1-Entregar-se a sua natureza morta.

2-Procurar aonde não está extinto.

As possibilidades de uma mulher são inúmeras! Sempre tem um ponto de morte que dá vida ao novo!

A dança pode auxiliar o processo de uma redescoberta, de um reencontro. Ela localiza o lugar da pulsão, o desejo, ou seja, o que nos move. É só se permitir vivê-la.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Ago




O que é o corpo? Difícil definição. Mais fácil, sentir em si mesmo.
Como cada uma sente seu corpo, seu eixo, músculos, articulações, ossatura?
Os movimentos do quadril deste vídeo recebem influências da dança oriental e da dança africana.
Um pedido de ago que significa licença. Ago aos espíritos da dança que colorem nossos corpos e vivificam a intensão.







segunda-feira, 30 de julho de 2012

Dança Mixx na praia


Natureza, canto do mar,
Som dos pássaros,
pés na areia, contato íntimo com a natureza exterior que nos permite

ENTRAR EM CONTATO COM NOSSA PRÒPRIA NATUREZA!

Influências de dança afro brasileira, dança do ventre, dança contemporânea, dança contemplativa de Duncan. Inspiração.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Dança Mixx na natureza



Eu vi a Dança Mixx na cachoeira, na cachoeira,
sentada na grama das águas...
expressando sentimentos, mentos mentos
sentindo lírios, lírio eh.

Pretensão de poesia inspirada pela música do Orishá Oxum, rainha das águas.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Clarice- entre a dança e a escrita


Escrever [e dançar] é tantas vezes lembrar-se do que nunca existiu. Como conseguirei saber do que nem ao menos sei? assim: como se me lembrasse. Com um esforço de memória, como se eu nunca tivesse nascido. Nunca nasci, nunca vivi: mas eu me lembro, e a lembrança é em carne viva. Clarice Lispector

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Dança e depressão


Não se trata de conceituar a depressão. Trata-se de colocar que tanto a dança como a psicanálise podem reerguer um corpo caído. Como?

Permitindo que no ato dançante, o sujeito esqueça a dimensão do corpo que pesa. Ele esquece que o corpo não é apenas material.

Que poderá a dança transmitir a um sujeito que sofre por não sentir-se “em casa”, por sentir não habitar seu próprio corpo? Como um ser caído, deprimido, que tem a sensação de receber uma pressão extra da gravidade, que tem um corpo extremamente pesado pode reencontrar a leveza saltitante desse corpo?

Resposta: fazendo análise e dança.

A análise dá conta de falar os não-ditos e de ajudar um sujeito a se responsabilizar pelos seus desejos. A dança dá conta de oferecer um espaço para que se encontre o corpo pela via da constituição da imagem.


Cartel de Dança


Venha fazer parte!
Novas possibilidades podem surgir.




quarta-feira, 20 de junho de 2012

Mais funções da dança na vida de quem dança...


Muitas vezes, perante situações difíceis, ficamos paralisados. Ou seja, nos encontramos em estado de angústia. A angústia pode produzir sintomas que são sofrimentos desde corporais como somatizações, até dores de alma.

A dança, de uma maneira geral, de qualquer estilo (clássica, flamenco, oriental, contemporânea, africana, moderna...), pode auxiliar uma pessoa a lidar com a falta de movimento. É no trabalho corporal que vemos, vivemos e sentimos movimentação. Logo, a dança e suas inúmeras possibilidades, nos permite sair da inércia e quem sabe elaborar o que está nos paralisando.

Além de ser da ordem do gozo, ela é da ordem do desejo. Este, por sua vez, é da ordem da falta. Só desejamos porque algo nos falta. É rodopiando, ondulando, batendo os pés, deslocando que novas saídas para o mal estar podem surgir.

Por isso, dancemos!

terça-feira, 12 de junho de 2012

O gozo do Flamenco



O Flamenco é uma dança que traz em sua origem marcas de diversas culturas: árabes, ciganos, andaluzes, hindus, gregos, judeus, enfim, esta dança é de uma pluralidade cultural.  Os ciganos, nômades que se originaram da Índia e foram migrando chegaram á Andaluzia já com uma rica cultura artística.
Foram perseguidos e expulsos. Nasce o flamenco. Nasce da exclusão, da necessidade de expressar o sofrimento. Que consequências deste fato podemos notar na dança? A angústia, a volúpia, o ódio, a relação com o outro são características desta dança viril.
Sim, é uma dança viril, neste sentido, masculina. Vinculada ao gozo fálico. As mulheres fálicas, revestidas de flores, cores, maquiagens expressam livremente seus sentimentos mais íntimos.
É uma dança libidinal. Libido tem relação com energia sexual. A carga de energia que direcionamos para algo que nos chama a atenção é a libido. Portanto, há um investimento libidinal por parte de uma mulher que dança flamenco.
Há também uma matemática dos ritmos aliada à necessidade de uma coordenação motora ampla. Para poder gozar de um lado feminino no flamenco, a saída é entrar em transe, ou seja, encontrar o duende.
A característica principal do flamenco em termos de vivência da dança é expressar sentimentos: amor, alegria, medo, revolta, paixão...Logo, é uma dança que pode funcionar como algo que ajuda a traduzir o que não se sabe. Muitas vezes, não sabemos que sentimos raiva ou sabemos e queremos expulsar sentimentos que julgamos negativos.
A dança nos auxilia a em vez de “jogar para fora” o que rejeitamos, a integrar. Afinal, ninguém é totalmente bom ou mal. Somos um pouco de cada e a “boa” agressividade é importante para o ser humano.

O gozo do Ballet Clássico





No plié da vida, no elevé, no grand batman e no arabesque, podemos nos encontrar com um certo tipo de vivência de controle do corpo. Muito alongamento e força. Altivez. O gozo desta dança pode estar vinculado a um certo corte. Na barra, a música clássica nos invade e temos que dispensar uma energia de contenção. Conter o movimento, a emoção da música. Devemos nos limitar exclusivamente a executar o que deve ser executado.

Os exercícios são prazerosos e deixam uma marca de bem estar no corpo. No começo podemos não sentir prazer.



Com estas características de controle, limite, contenção e alguns poderiam dizer rigidez, o ballet clássico nos aproxima de um gozo fálico, faltante, limitante. Para alguns pode propiciar o aumento de desejo já que no circuito desejo e gozo há um certa relação: quanto maior o desejo, menor o gozo e vice-versa.
Esta dança também pode propiciar a vivência de um gozo a mais, o dito gozo feminino. A condição para vivenciar este tipo de gozo é gozar falicamente.
O Ballet também trabalha a questão da imagem corporal no sentido de nos fornecer uma ilusão de unidade, de um corpo perfeito, inteiro.

A noção de gozo mencionada nas danças, diz respeito ao sentimento oceânico que Freud abordou em seu texto sobre o mal estar da civilização. O gozo, se refere ao corpo, á vida e a um imperativo. Goze! Cada um, goza como pode. Gozo não se escolhe. Pode se referir também ao orgasmo. Diríamos que no momento do orgasmo somos invadidos pelo sentimento oceânico e após, uma sensação de bem estar corporal que a dança pode dar para quem ama dançar.












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quinta-feira, 7 de junho de 2012

O gozo da dança africana


A Dança Africana e seu caráter expansivo, dinâmico, pulsional pode fazer signo da masculinidade. Há algo agressivo e extremamente expressivo. É uma dança que equilibra o masculino e o feminino. Porém, o gozo experimentado é algo inominável. Poderíamos tentar nomear: alegria, raiva, angústia, êxtase, força...

Pulos, gritos, velocidades, relação com o outro, musicalidade, preparação corporal são elementos que compõem essa dança energética.

E o gozo? Que gozo é esse que invade um sujeito que dança esta dança?Eis um gozo que escapa ás palavras. Ou seja, é o gozo próprio do feminino. Neste sentido por provocar um ultrapassamento da pessoa, é uma dança que pode propiciar uma aproximação com o famoso sentimento oceânico do qual Freud dizia em seu belíssimo texto sobre o mal estar na civilização.

Este ultrapassamento, poderíamos pensá-lo sobre vários prismas, mas, de maneira geral, é o inconsciente que invade o corpo de um sujeito que dança. Não há como traduzir tudo o que poderia ser dito. É algo da ordem do indizível. Assim como o gozo feminino.